quinta-feira, 28 de abril de 2011

hematologia no dia a dia: Anemias Não-carenciais

hematologia no dia a dia: Anemias Não-carenciais

Respondendo ao comentário do dia de ontem:
A Hb C é detectada pela eletroforese, e é necessário ver o resultado correto: se é apenas um traço (1 gene) ou a doença (2 genes).
A doença (hemoglobinopatia C) é semelhante à anemia falciforme e pode sim provocar aumento do baço.
Com relação à mulher grávida, são muitos detalhes, solicito mais informações. Um abraço.

domingo, 24 de abril de 2011

Púrpura Trombocitopênica Auto-Imune

Uma das causas mais comuns de plaquetopenia é a PTI (sigla que representava Púrpura Trombocitopênica Idiopática, hoje denominada auto-imune). Era idiopática pois a queda da plaqueta era real, não apenas um artefato por consumo dentro do tubo, porém sem causa determinada. Hoje chama-se auto-imune pois sabe-se que a plaquetopenia é causada pela destruição das plaquetas produzidas, e não por uma diminuição na produção. Esta diferença é fundamental e a certeza do diagnóstico só é obtida com a punção da medula óssea (o mielograma), que diferenciará patologias que afetam a produção da medula (geralmente doenças mais graves, como as leucemias ou a aplasia) daquelas em que a produção está normal (o mielograma portanto mostrará como resultado série megacariocítica normal). O termo auto-imune nos remete a uma patologia semelhante ao reumatismo; veja que na artrite reumatóide o organismo produz anti-corpos contra ele próprio, fazendo, por exemplo, que estes anti-corpos destruam as articulações das mãos e dos dedos, causando aquelas deformidades conhecidas da doença. Já na PTI, o anti-corpo destrói a plaqueta produzida normalmente, fazendo com que seus níveis diminuam no hemograma. As plaquetas restantes, porém, funcionam normalmente e às vezes aparecem até como mega-plaquetas, fazendo sua função de hemostasia mesmo em níveis baixíssimos abaixo de 20.000. Na maioria dos casos, a púrpura resolve-se espontaneamente, sem tratamento. Em 10 a 15% dos casos, entretanto, a PTI se cronifica e pode permanecer por toda a vida. Logicamente, níveis mantidos acima de 30.000 plaquetas são seguros, não exigindo medicações a não ser em situações pré-cirúrgicas, inclusive procedimentos dentários. Já a plaquetopenia com níveis mínimos extremos, entre 1.000 a 10.000 plaquetas, exigem uma intervenção. Não chega a ser um tratamento pois não é curativo, porém o uso de cortisonas diminuem a ação dos anti-corpos, aumentando a dosagem das plaquetas, porém os valores tendem a retornar a níveis baixos assim que a medicação é suspensa. Em casos de plaquetopenia leve, com o paciente assintomático, pode-se até deixar de colher o mielograma num primeiro instante, porém se o uso da cortisona é indicado, o mielograma torna-se obrigatório. Isto acontece para haver a diferenciação entre uma PTI e uma leucemia; se o mielograma for colhido após uma dose de cortisona ele já não é confiável, pois a cortisona é uma das drogas que compõe a indução (início do tratamento quimioterápico) de uma leucemia. Até a próxima.